Quem tem filhos na idade escolar já pode ter se deparado com essa dúvida: será que é hora de começar a dar mesada? Nesse artigo vamos te explicar quando dar mesada é uma boa e quando ela não é indicada.

A mesada é um valor em dinheiro que os pais dão aos filhos pequenos mensalmente para que aprendam a lidar com seu próprio dinheiro. Porém, apesar de muitas crianças insistirem para os pais darem mesada, esse instrumento de educação não pode ser usado de forma irresponsável.

Apenas dar um dinheiro para a criança não vai fazer com que ela entenda melhor sobre finanças pessoais. Para que realmente a mesada seja útil, é preciso seguir alguns pontos. Vamos ver quais são?

Mesada por que?

Você recebe seu salário se não for trabalhar? Obviamente que não. Então por que as crianças deveriam receber dinheiro sem dar nenhuma contrapartida? Quando elas recebem apenas por receber vão aprender que o dinheiro vem sem nenhum esforço e isso, certamente, não é verdade.

De fato, a mesada é importante para dar aos filhos uma noção de como funciona o mundo adulto. Por isso, deve seguir os mesmos parâmetros. Não é possível pegar um adiantamento, ganhar mais do que no outro mês ou receber a mesada sem fazer nada.

Assim, você pode estabelecer algumas regras para que a criança receba o dinheiro. Por exemplo:

• Manter boas notas na escola;
• Lavar o carro 1 vez por mês;
• Dar banho no pet 1 vez por mês;
• Ler um livro por mês;
• Arrumar seu quarto todos os dias;
• Colocar e tirar a mesa todos os dias;
• Ter poucas infrações como birras e respostas grosseiras.

Você pode montar um quadro na geladeira para que elas marquem que suas tarefas já foram feitas e que, portanto, podem receber a mesada.

Porém, é importante que tudo o que é esperado da criança seja muito bem definido e combinado entre vocês. A mesada não pode virar um instrumento de chantagem com regras que mudam a toda hora: “Olha, assim você não vai ganhar a mesada!”, “Lembra da mesada!”. 

Converse com tranquilidade e só coloque atividades que sabe que a criança pode cumprir. Converse com ela e explique quantas vezes forem necessárias o que ela deve fazer para ganhar a mesada. 

Caso ela não consiga cumprir todas as tarefas, você precisa ser sábio. É importante mostrar a ela que combinados devem ser cumpridos, que as nossas ações têm consequências e que ela deve ter responsabilidade. Porém, é possível ser flexível e dar, por exemplo, uma parte do dinheiro ou mais alguns dias para que ela consiga cumprir o combinado. Não queremos que ela fique muito triste e se desmotive. 

Para que serve?

Além de entender o valor do dinheiro, as crianças podem aprender muitas coisas com a mesada. Mas para isso, você precisa instruí-las. É importante sempre conversar e criar jogos, exemplos e situações reais para que elas aprendam a:

• Ter paciência: a mesada, assim como o salário, tem um valor e uma data certa. Por isso, muitas vezes é preciso esperar um pouco para comprar aquilo que desejamos. Mostre para seus filhos que o mesmo acontece com você na hora de fazer todas as compras para a família e explique que aquele dinheiro deverá durar o mês todo. Você pode ajudá-la a separar o dinheiro em 4 envelopes, um para cada semana, por exemplo;
• Poupar: quando a criança quiser comprar algo mais caro, terá que juntar duas ou mais mesadas. Nesse momento é bom definir com ela uma meta pequena. Ou seja, algo que pode ser comprado com duas ou três mesadas. Isso porque se a meta for muito grande ela pode não conseguir poupar tanto e já se frustrar da primeira vez, entendendo que poupar é impossível ou não vale a pena;
• É possível também incentivar a poupança dividindo os custos: se ela conseguir juntar a metade do dinheiro em determinado tempo, os pais pagam a outra metade;
• O que é caro e barato: caro e barato é relativo, leve-a no supermercado e compare preços de chocolates, brinquedos e alimentos para ela ela começar a entender o que determinada quantidade de dinheiro pode comprar;
• Dinheiro acaba. Quando os pais dizem que estão sem dinheiro, é comum que as crianças falem para ir ao banco. Esse pensamento de que o dinheiro está sempre disponível é muito prejudicial tanto para as crianças que crescerão sem educação financeira quanto para os pais que têm que aguentar as chantagens emocionais para comprar sempre mais. A mesada mostra que só existe uma quantidade disponível de dinheiro e se gastarmos, de maneira certa ou errada, ele acaba e pronto.

Com que idade as crianças devem receber mesada?

A educação financeira pode começar bem cedo, entre os três e cinco anos, através de jogos que simbolizem trocas. Ainda não é preciso falar de dinheiro, apenas mostrar que algumas coisas podem ser trocadas por outras.

A partir dos seis anos, a criança pode receber “mesadas” esporádicas, como um tipo de prêmio por um comportamento exemplar. Nessa idade não é necessário que a mesada seja periódica e sim algo pontual.

Com 7 e 8 anos, as crianças podem receber uma mesada semanal, também chamada de semanada. Até os 10,  mesada é quinzenal. Nessa fase as crianças ainda não conseguem definir bem suas prioridades e se receberem uma única vez ao mês vão gastar tudo de uma vez.

Já a partir dos 10 anos, as crianças já estão prontas para lidar com a responsabilidade de receber uma mesada a cada 30 dias.

Qual o valor da mesada?

A mesada deve ser compatível com a renda familiar, a quantidade de filhos e não deve ser abundante. É a escassez de dinheiro que vai ensinar as crianças a poupar e valorizar os ganhos. Pergunte aos pais dos coleguinhas quanto eles dão e tente se encaixar na média de famílias com a mesma renda que a sua. Nem demais nem de menos.

Além disso, o valor da mesada deve subir com a idade, para acompanhar os gastos pessoais.

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Escrito por: Laura Veridiana