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Por que o preço da carne está tão alto?

O brasileiro passou os últimos meses sentindo falta daquele bom churrasco. Com a pandemia do coronavírus, a maioria dos itens básicos de alimentação subiu, mas o preço da carne é um dos que mais surpreende na hora das compras. De fato, a carne subiu 6 vezes mais do que a inflação entre 2020 e 2021. 

Portanto, o consumo de carne despencou e foi o menor registrado no Brasil desde 1996, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Muitos fatores estão relacionados à oscilação de preços no Brasil, mas nesse artigo vamos ver alguns dos principais fatores que influenciam diretamente no preço da carne e entender porque ela está tão cara.

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Preço da carne: a influência da exportação

Em 2020, a pecuária brasileira bateu recorde de exportação. Com mais carne indo para fora do país, a oferta interna diminui e o preço sobe.

O aumento da exportação vem acontecendo há anos. Em 2018, vimos a peste suína africana se espalhar e dizimar o rebanho de porcos de muitos países europeus e asiáticos. A China, com sua imensa população de mais de 1,4 bilhões de pessoas naquela época, ampliou a compra internacional de porcos, mas também de outras proteínas. Entre elas, a carne bovina.

Além disso, a alta do dólar também favorece a exportação brasileira, tornando nossa carne mais competitiva e barata para os outros países. Para o pecuarista, atender essa demanda também é benéfico porque lucra muito mais recebendo em dólar. 

De fato, se o dólar baixa e o mercado internacional preferir comprar de outros países mais baratos, a exportação pode diminuir, sobra mais carne para o mercado interno e o preço acaba diminuindo também.

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O ciclo de produção e o preço

Além do aumento da exportação, outros fatores têm influenciado o preço desse item de consumo. Um deles é a falta de bois prontos para o abate. 

A produção de carne é uma atividade que acontece acompanhando o ciclo de vida e reprodução do gado. Por isso, ela tem fases que se repetem em um ciclo de cinco a seis anos.

Dessa forma isso quer dizer que as mudanças na pecuária não são imediatas, demoram de um a dois anos para acontecer, à medida que o gado se reproduz e engorda.  Entre 2016 e 2018, o ciclo estava em baixa e nessa fase há o abate de muitas fêmeas. No médio prazo, isso reduz a quantidade de bezerros e o preço do bezerro sobe. 

O ciclo entra então em alta. As fêmeas não vão mais para o abate e são mantidas para a produção de mais bezerros. Com menos fêmeas sendo abatidas, o preço do macho sobe. E é isso que está acontecendo agora.

No momento, bezerros, bois magros e bois gordos estão mais caros e o preço da carne sobe. Daqui a um ou dois anos, as fêmeas já terão aumentado o número de bezerros no mercado, os bezerros e bois magros já terão engordado, e o preço volta a cair.

Esse é o ciclo da pecuária e ele é relativamente estável. Mas associado a outros fatores, como aumento da exportação, alta do dólar, e todas as consequências da pandemia do covid-19, influencia diretamente o preço elevado da carne.

Lei da oferta e demanda

Quando existe muita disponibilidade de um produto no mercado, muitas vezes o público não consegue consumir tudo o que foi produzido. Temos então uma oferta maior do que a demanda, muito produto para pouco consumidor. Nesse cenário, as empresas começam a disputar clientes e acabam baixando seus preços para se tornarem mais atrativas.

Mas também existe o processo contrário, em que há muito consumidor e pouco produto. E hoje é isso que acontece com a carne: a demanda está maior do que a oferta. Como esse item está está mais “raro”, não há o suficiente para todos que querem, o produto passa a ser mais valorizado, desejado, e os preços aumentam.

Os pecuaristas estão lucrando muito?

Apesar do aumento da exportação e dos preços do mercado brasileiro, não podemos concluir que os pecuaristas estão lucrando muito. Com a alta do dólar, muitos insumos que usam na produção também sobem de preço e isso acaba reduzindo muito os lucros.

Remédios, rações, maquinário e muitas coisas utilizadas na produção de carne são importadas de outros países e representam altos gastos para os pecuaristas.

O preço da carne vai continuar subindo?

Como vimos, o ciclo de produção da carne é longo e está no meio de seu período de alta. Outros fatores que vimos, como a influência da China na exportação da carne e a alta do dólar também não mudam de uma hora para outra.

Por isso, especialistas acreditam que sim, o preço da carne vai continuar alto em 2021 e 2022. A partir de 2023, os preços devem cair gradativamente.

O que fazer para contornar o preço da carne?

A carne suína e a de frango são ótimas substitutas para a carne bovina. Em resumo: o brasileiro tem que ser criativo e inovar na cozinha e nas finanças para contornar esse momento difícil na nossa economia.

Da mesma forma, do frango e do porco, pode ser interessante inserir algumas proteínas vegetais na alimentação, como a lentilha, o grão-de-bico, a ervilha, a berinjela e outros. Assim, além de economizar, você traz mais variedade para sua dieta!

De fato, evitar o desperdício de alimentos, planeje suas refeições, congele e reaproveitar também são medidas que irão te ajudar a economizar.

Dessa maneira, fica o lembrete: comer fora ainda é um dos principais gastos que atrapalha o controle financeiro dos brasileiros! Afinal, busque preparar suas refeições em casa, inclusive lanches e resistir às tentações nos períodos de vacas magras.

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